terça-feira, 28 de outubro de 2014

A Travessia de Caleb - Geraldine Brooks




Sinopse:

Em 1665, um jovem da ilha de Martha's Vineyard se torna o primeiro índio norte-americano formado na Universidade de Harvard. Dos poucos fatos que perduram de sua extraordinária vida, Geraldine Brooks cria uma brilhante narrativa de paixão e fé, magia e aventura. Bethia Mayfield cresceu na pequena comunidade de Great Harbor entre um grupo de ingleses puritanos. Munida de um espírito inquieto e uma mente curiosa, Bethia escapa dos limites de sua rígida sociedade para explorar as praias da ilha e observar seus habitantes nativos. Aos doze anos, ela conhece Caleb, o jovem filho do líder de uma tribo, e os dois desenvolvem um laço secreto. O pai de Bethia é pastor de Great Harbor e acredita ser o escolhido para converter os índios wampanoags ao calvinismo. Ele desperta a ira dos curandeiros e deve testar sua fé contra a magia deles em uma perigosa batalha que pode custar sua vida e até sua alma. Caleb se torna um prêmio nessa disputa entre antigos e novos costumes, no fim assegurando um lugar em Harvard ao lado dos filhos da elite colonizadora. Bethia vai para Cambridge, ficando sob a autoridade de seu arrogante irmão mais velho. Enquanto batalha por sua voz na sociedade que exige seu silêncio, ela se envolve na luta de Caleb para circular nas fronteiras.


Minha Opinião:

A Travessia de Caleb escrito por Geraldine Brooks é um livro que fala sobre discriminação, sede de conhecimento, educação, religião, história e repressão.

A história é narrada por Bethia Mayfield, filha de um pastor que morava na pequena ilha de Noepe (que hoje em dia é Martha’s Vineyard, em Massachusetts nos Estados Unidos), ilha esta que era habitada por uma pequena comunidade de pessoas que resolveram seguir a família de Bethia quando o avó e o pai dela resolveram colonizar o local e também pelos índios que lá já viviam. Só que cada um desses grupos viviam separados cada um em uma parte da ilha em territórios pré-acordados até o dia em que Bethia, quando criança, em suas andanças exploradoras da ilha, conheceu Caleb Cheeshahteaumuck um garoto índio que acaba por se tornar um grande amigo e a quem não só Bethia ensinará muitas coisas mas com quem acabará aprendendo também muito sobre sobre a natureza, a força da determinação e lhe ensinará uma grande lição sobre a vida.

Eu serei honesta mais uma vez: apesar de toda a característica histórica fascinante que livro possui, e falar sobre assuntos muito sérios e importantes como o preconceito contra índios, mulheres e pessoas que não tinham as mesmas convicções ou religião dos colonos puritanos da época e também sobre a parte interessantíssima que dá uma certa dimensão de como eram os estudos e a educação de uma fora geral naquele tempo e local (me lembrei muito da época em que eu fazia faculdade de Pedagogia, e lá estudávamos muito sobre as formas de ensino durante a história, aliás até recomendo esse livro para quem está fazendo o curso, seria interessante ler), o resumo do livro me parecia muito mais instigante do que ele na realidade foi.

A verdade é que essas duas partes que eu citei foram as únicas que me fizeram continuar lendo, isso e o fato de eu não gostar de abandonar livros, sou daquelas que costuma persistir até o fim às vezes só por esperança de que vá melhorar ou por teimosia porque já aconteceu outras vezes do livro só melhorar da metade em diante ou até perto do final, e também como gosto de história então eu segui em frente com esse. Mas vou dizer: foi frustrante perceber que isso não acontecia. Me desiludi totalmente. Primeiro, tenho problemas com livros de ficção com fundo religioso não que eu não seja religiosa, eu sou, mas porque eu sempre fico com a impressão de que o autor está misturando religião numa narrativa ficcional para querer me induzir nas entrelinhas, de forma subentendida, a mudar minhas crenças e eu não vejo com bons olhos quem tenta fazer isso, forçar os outros a mudar. Eu acredito e prezo muito a liberdade de escolha para gostar disso - não estou dizendo que seja o caso da autora, até porque é um livro histórico mas só que sempre fico e fiquei com essa sensação. Esse é um tema muito complicado, o autor tem que ter cuidado para não exagerar na mão senão passa essa impressão mesmo. Segundo, não me agradou o fato da Bethia narrar, eu preferiria que fosse o Caleb. Não quero dar spoiler mas o livro não era sobre ele? Ele não seria o protagonista? Só que para mim não pareceu, fiquei com a impressão de que ele era coadjuvante no próprio livro. Sério, ele apareceu muito pouco pra um protagonista, entrava mudo e saia calado, tinha poucos diálogos e a interação dele com a Bethia (que é a narradora, pelos Céus!) foi pouquíssima. "Ah, mas a trama gira em torno dele." Pode até ser. Mas isso não muda o fato dele parecer um figurante de filme ou um daqueles coadjuvantes de romances que aparecem pouquinho e fazem uma "pequena participação especial". A Bethia é quem domina, é tudo sobre a vida DELA, as dificuldades DELA, a relação DELA com a família DELA, o fato DELA ser incompreendida em seu desejo de estudar etc etc. É claro que é muito bacana a autora ter aproveitado para abordar também não só as dificuldades e portas fechadas que o Caleb sofria mas também o tema do sexismo exacerbado e revoltante da época e mostrar como as mulheres sofriam e eram suprimidas e tachadas de inferiores naqueles tempos, isso faz a gente pensar e como mulher agradecer todas as mudanças grandiosas que aconteceram desde então. Porém isso não apaga o fato de que para mim o livro como um todo não foi o que eu esperava, e não no bom sentido, e mesmo esses pequenos pontos positivos não foram suficientes para não tornar a leitura enfadonha para mim. O que é uma grande pena. Mas nem sempre nossas leituras são boas e eu tinha que expressar o que achei da melhor forma que eu consegui.

Espero que quem queira ler o livro sinceramente não se iniba com essa minha resenha e se tiver vontade de ler, que leia, porque como eu friso sempre aqui: isso é só minha opinião e o livro que alguns não gostam, outros adoram. Só são gostos diferentes e isso vai de cada um e tem que ser respeitado. É isso. :)

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